segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Seminário integrador e EJA

Na interdisciplina do Seminário Integrador estou realizando um projeto em grupo( PA) em que escolhi os colegas com interesse afins para estudar o mesmo tema.
O assunto escolhido foi a letra cursiva e seu papel na atualidade.
Este projeto teve várias fases: realizamos pesquisas, fizemos enquete, compartilhamos experiências, construímos textos e mapas conceituais.
A principal aprendizagem ocorrida foi a importância de usar letra cursiva na alfabetização somente após os alunos estarem alfabetizados porque de acordo com o autor Luís Carlos Cagliari :
“Mais importante do que o traçado da letra , a letra bonitinha e padronizada é “Em primeiro lugar, é preciso ensinar a escrever e, somente depois, deve-se preocupar com os requintes da escrita” .
A importância da letra cursiva realmente fica restrita ao espaço escolar, sendo uma cobrança da sociedade e da família por questões tradicionais. É cobrada pelos professores o traçado cursivo nas séries ou anos após a alfabetização, sendo inclusive muitas vezes usada como critério de avaliação.
A letra manuscrita é mais rápida ao ser escrita do que a script, assim muitos professores a preferem.
Cagliari alerta para o tempo que vivemos hoje, onde a escrita cursiva perdeu sua importância para o mundo moderno. A letra bastão e script estão presentes no cotidiano das crianças, através dos livros de histórias, das revistas, dos jornais, da televisão, do celular e dos computadores. É importante não perder tempo tentando ensinar o traçado da letra cursiva, sendo que este tempo poderia ser aproveitado para aprendizagens mais significativas, com certeza se o aluno se apropriar da leitura, a escrita virá como conseqüência, como uma necessidade do registro, indiferente de como ele irá escrever (tipo de letra) deste que siga o padrão ortográfico (alfabeto).
Alguns alunos ao se depararem com a dificuldade do traçado da letra cursiva, e do não aprender, de não ser capaz podem conseqüentemente desenvolver um bloqueio no seu desenvolvimento da aprendizagem, vindo acarretar , o fracasso escolar, porque se o professor não se der conta que o aluno não consegue converter (fazer a transferência/entender) a letra que está no quadro para a letra que realmente se apropriou isso fará que ele se desmotive, se sinta "diminuído" perante seus colegas.
O importante é escrever de maneira legível, de maneira que outras pessoas consigam ler, estando elas em qualquer parte de nosso país ou do mundo.
Na interdisciplina de educação de jovens e adultos também estudamos sobre alfabetização e foi proposto a leitura do texto “Alfabetização de adultos: ainda um desafio”, da autora Regina Hara. A proposta era refletirmos e debatermos sobre as principais idéias do texto com os colegas em um fórum, nesta leitura encontrei colocações da autora Regina Hara sobre o tipo de letra mais apropriado para trabalhar no período de alfabetização:

"Leia a citação abaixo do texto pág 22:“Os alunos iniciaram o processo escrevendo com letra de forma maiúscula, mais fácil de traçar e de discriminar visualmente. Aqueles que sentiram necessidade, solicitaram a passagem para a manuscrita, o que foi feito com um trabalho de demonstração do traçado das letras. Verificamos que, mais do que não ter coordenação, falta o preparo, ou seja, saber os movimentos corretos do traçado para que as letras saiam arredondadas e ligadas dentro de cada palavra, e a percepção dos detalhes no traçado, como por exemplo: que partes das letras ficam acima ou abaixo da linha, como as vogais se ligam com as consoantes B e V na manuscrita. Todos que se iniciaram na manuscrita durante o processo têm letra boa. E caligrafia bonita tem um alto valor entre eles”.
O meu grupo do PA é sobre letra cursiva, a citação fala sobre as vantagens da letra Caixa Alta no processo de alfabetização, o desejo de alguns alunos escrever com letra Cursiva e o valor que atribuem a letra bonita.Lembrei do questionamento de uma colega de meu grupo PA:Se a letra cursiva é pessoal, por que ensinar a fazer o traçado?De acordo com o texto é importante para que as letras saiam arredondadas e ligadas dentro de cada palavra.Estou iniciando a escrita de letra Cursiva com minha turma e ensinando o traçado correto, mas não vou obrigá-los a escrever no dia - a -dia. Meu objetivo é que escrevam com o tipo de letra que desejarem, mas é importante que saibam ler com todos os tipos de letra."
Raquel Guterres

Estas aprendizagens foram significativas no processo de construção do conhecimento porque trabalho há quatro anos com alfabetização e este assunto é muito polêmico.
Na escola que trabalho não tenho como regra trabalhar escrita de letra cursiva , trabalho somente se já alcancei os objetivos do ano, como letramento, leitura, escrita de pequenos textos com coerência...
Inicio o ano trabalhando sempre com as letras “Caixa alta”, não misturo os tipos de letra, lá pelo mês de Agosto trabalho com as letras “Script” e a Cursiva, se der, é escrita somente no final do ano. Acredito que as crianças são alfabetizadas melhor se não há uma confusão de vários tipos de letras e a Cursiva é bem difícil para alguns alunos porque para traçá-la tem que ter uma boa coordenação motora. Quando trabalho as letras Cursiva com meus alunos, escrevemos o traçado correto de cada.
Muitos pais foram alfabetizados com a letra cursiva, eu sou um exemplo, acredito ser por esta razão que valorizam tanto a escrita deste tipo de letra, é como se fosse um “status”.
Tenho apoio da equipe diretiva para alfabetizar sem a exigência de que escrevam com letra cursiva, eles devem saber ler com este tipo de letra mas a escrita é opcional, cada aluno escolhe qual tipo de letra quer escrever.
Tinha dúvidas quanto ao meu procedimento porque dialogava com professoras experientes que valorizavam muito a escrita cursiva desde os primeiros dias de aula, conheço professoras que trabalham com cursiva até mesmo no primeiro ano.
Através das leituras e construção do PA não tenho mais dúvidas quanto ao tipo de letra que devo trabalhar, mantendo a posição de que devem conhecer e ler com todos os tipos de letras, mas escrever com a que desejarem.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Educação de jovens e adultos

Realizei a leitura do texto “ Alfabetização de adultos, ainda um desafio”, de Regina Hara.
Dentre as aprendizagens ocorridas destaco que devido as dificuldades que enfrentam os professores e alunos de classes populares e com o objetivo de aprimorar o trabalho de alfabetização de adultos
no processo de aprendizagem, foi acrescentado a construção de Paulo Freire os conhecimentos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky.
De acordo com o texto “ Alfabetização de adultos, ainda um desafio”, de Regina Hara, pág 7- “Os adultos não-escolarizados concebem a escrita como um sistema de representação,1 e
têm hipóteses de como se dá essa representação.
Ao serem perguntados sobre o que serve para ler, a maioria dos investigados propõe três
condições: que haja uma quantidade mínima de letras (que são três), que as letras não se repitam
na mesma palavra (chamada variabilidade interna) e que somente letras servem para ler (excluindo
numerais e desenhos)”.
Pág 8- “Esses estágios se sucedem ao longo do processo de domínio da
escrita. Os exemplos são tomados da nossa classe de alfabetização:
 escrita pré-silábica: há controle da quantidade mínima de letras, variabilidade interna e exigência de
não repetir a mesma sequência de letras para palavras diferentes. Não há correspondência entre as
letras e os sons da palavra. Pode-se ver como foram representados os dois nomes de animais.
 escrita silábica: neste estágio, pensa-se que, para representar cada segmento da palavra, basta
uma letra. O exemplo mostra que, para a palavra sapo, basta um S para sa e um O para po. Na
maioria dos casos, ao grafar dissílabas, os não-escolarizados acrescentam mais uma letra para respeitar
a quantidade mínima de três letras que eles mesmos impõem.
 escrita silábico-alfabética: neste estágio, já começa a aparecer a percepção de que apenas uma letra
não basta para representar o segmento sonoro das palavras. Então, convivem a hipótese silábica e a
hipótese alfabética: às vezes basta uma letra, às vezes usam duas. O exemplo mostra essa convivência.
 escrita alfabética; aqui já se tem a representação de cada sílaba com duas letras. Observe-se o exemplo
onde isto aparece.”
Deve-se considerar o saber intelectual dos adultos não-escolarizados, a escola não pode desconsiderar seus conhecimentos.
Não é o método que se elege que promove a alfabetização, mas é todo um conjunto de conhecimentos e a postura intelectual que adotamos com relação aos sujeitos e ao objeto da aprendizagem.
Estas aprendizagens foram significativas porque trabalho com alfabetização de crianças de acordo com a psicogênese da escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, no entanto nunca trabalhei com EJA e não sabia que ao adultos criavam hipóteses sobre a leitura e escrita como as crianças, pretendo futuramente trabalhar com EJA e estas aprendizagens vão contribuir para minha prática docente.