quarta-feira, 8 de abril de 2009

Inclusao

Tive 2 alunos de inclusão em 2007 e no final do ano um foi aprovado. A menina tinha vindo de uma escola especial e imitava gestos das crianças da escola anterior, era repetente e tinha 12 anos.
Ao longo do convívio na escola regular parou com os gestos anteriores como balançar pernas e cabeça todo o tempo, passou a interagir com os colegas em diversas situações. Aprendeu a escrever seu nome e 18 letras do alfabeto relacionando a objetos e pessoas significativas.
Foi aprovada devido a defasagem idade série, aprendizagens construídas , questão da auto-estima, relacionamento, mas ainda não estava alfabetizada.
Sentia-me culpada por tê-la aprovado, pois no segundo ano temos como objetivo a alfabetização.
Li as participações no fórum da interdisciplina de inclusão e a colocação da colega Ana Parker trouxe reflexões.
05/04/2009 13:54:17
ANA BEATRIZ CORRÊA BEZERRA PARKER
São inúmeras as questões que as colegas estão levantando neste nosso fórum e a leitura que faço é que nós enquanto educadoras procuramos sempre dar conta dos desafios que nos apresentam, e a inclusão é mais um destes. Pelos relatos até aqui verifiquei que a maioria apesar de não ter o suporte necessário para lidar com as necessidades especiais, tem a arma principal em suas mãos que é o afeto e a vontade de ver o seu aluno integrado e feliz. Tive um aluno, que sofria de convulções e quando o assumi na terceira série ele estava com 14 anos, ainda não sabia ler e nem escrever seu nome, fora promovido sob a alegação de que estava sendo incluido e por isso se \"socializando\". Fui atrás da história do aluno e descobri que ele frequentava a escola desde os seus sete anos, e percorrera várias instituições durante todo esse período. A partir daí e por isso estou relatando este caso me veio a seguinte pergunta: Será que durante todo este tempo, a escola que se propunha incluí-lo e socializá-lo realmente estaria alcançando o seu objetivo?Que socialização era esta que mantinha o aluno com mesma postura durante todos esse anos? E le não tinha adquirido autonomia para tomar seus medicamentos, não conseguia pegar um ônibus,se demonstrava totalmente dependente da mãe ou da professora. Que preparo para a vida a escola estaria dando para este aluno? “DURANTE ESTE ANO ENTENDI QUE A INCLUSÃO NÃO É SIMPLESMENTE SOCIALIZAÇÃO MAS O COMPROMISSO DE DESENVOLVER AS POTENCIALIDADES DO ALUNO, QUE ÁS VEZES NÃO VAI CONSEGUIR APRENDER A LER OU ESCREVER MAS SIM ADQUIRIR MAIS AUTONOMIA E SER VALORIZADO ENQUANTO PESSOA.”
O aluno pode não progredir na escola quanto ao desejado , cada ser humano tem o seu ritmo(minha prima com Síndrome de Douw levou 7 anos para ser alfabetizada), mas a autonomia para a vida e valorização enquanto pessoa são muito importantes. Minha aluna progrediu muito nestes aspectos, desta forma não me sinto mais culpada pela sua aprovação, também construiu muitas aprendizagens para ser alfabetizada e apesar daquele ano não ter alcançado este objetivo, na série seguinte o correto é ter uma continuação deste processo.

Nenhum comentário: