domingo, 9 de maio de 2010

Blog do portfólio

Na escola que trabalho está acontecendo brigas freqüentes com agressão física por parte de um aluno meu na hora do recreio, quando voltam do recreio muitos reclamam. Conversei com as crianças e muitas brigas surgem porque chamam este menino de gordinho, de baleia assassina, enfim, o provocam com brincadeiras inadequadas, isto mostra o preconceito existente. Já postei nas atividades semanais e relatei diversos trabalhos realizados na turma sobre a diversidade e a importância de valorizar as diferenças, no entanto este trabalho precisa ser intensificado, o preconceito a este aluno existe desde o ano anterior. Este aluno anda muito agressivo e suas brigas surgem até quando não é ofendido, isso faz com que muitos colegas se afastem, percebo que as vezes quer ajudar um colega a fazer uma atividade ou quer se aproximar até para brincar com alguns e não é aceito, pois tem medo de ser agredidos.Durante a aula não se agridem, mas o momento do recreio é bem complicado. Na próxima semana realizaremos atividades com uma historinha que fala sobre ao amor, conversaremos mais sobre a importância de respeitar e amar as pessoas como são, independente das características físicas, após o dia 15, sábado da família, organizaremos uma saída de campo para o cinema, pretendemos ver o filme “Como treinar seu dragão”, o filme tem como moral a importância de aceitar todos como são, de não brigar. Fiz um parecer descritivo do menino para a mãe levá-lo ao Psicólogo, está com a auto-estima baixa e é importante conversar com um profissional da área da saúde.
Percebi que através de meus estudos e troca de experiências neste curso de Pedagogia na UFRGS estou crescendo como profissional, minha visão mudou, pois já tive outras turmas com problemas de relacionamento devido a preconceito e não fazia um trabalho sobre diversidade de encontro as suas necessidades, estava preocupada demais com os conteúdos da série e achava perca de tempo fazer um trabalho mais direcionado a estas necessidades, simplesmente conversava no momento e voltava a dar os conteúdos “importantes” que não podiam atrasar. Os problemas iam se tornando uma “bola de neve”, ou seja, crescendo e muitos até levavam para o outro ano sem resolver.
Atualmente, procuro formas diferenciadas de realizar um trabalho interdisciplinar que vá de encontro as reais necessidades da turma, percebo que trabalhar a diversidade não é perca de tempo, que é tão importante quanto os outros conteúdos.
De acordo com o texto “ O desafio de trabalhar a diversidade cultural na escola”, de Eliane Rosário Paim e Neide Aparecida Frigério:
“Historicamente falando, a escola tem dificuldades para lidar com a diversidade. As
diferenças tornam-se problemas ao invés de oportunidades para produzir saberes em diferentes níveis de aprendizagens. A escola é o lugar em que todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades, mas com estratégias de aprendizagens diferentes”.
“A constante busca de alternativas para trabalhar e respeitar às diferenças, poderia
levar a transformação das desigualdades em aprendizagem e em êxito escolares. “
“Conforme Moreira (2002, p. 106) diz: o avanço das pesquisas e da experiência, os professores disporão de instrumentos que lhes permitem delimitar melhor a natureza dos obstáculos à aprendizagem encontradas em cada aluno e, portanto, saber se querem uma intervenção urgente, ou um desvio, ou um tempo de latência, por exemplo, dando à criança tempo para crescer, amadurecer, superar as crises familiares ou problemas de individualidade. Os professores precisam encontrar meios de criar espaço para mutuo engajamento das experiências de multiplicidade de vozes, por um único discurso dominante. Mas professores e alunos precisam encontrar maneiras de que um único discurso se transforme em local de certeza e aprovação.”
“Fazenda (1991, p. 57), afirma: A interdisciplinaridade necessária e básica para
conhecer e modificar o mundo são possíveis de caracterizar-se no ensino através
da eliminação de barreiras entre as disciplinas e pessoas [...] Mais difícil que
esta, é a eliminação das barreiras entre as pessoas, produto de preconceitos,
falta de formação adequada e comodismo.”
“Percebeu-se, então, que as dificuldades começam de um lado, quando o professor
pelo total despreparo não sabe lidar com essa diversidade cultural e finge que
conhece. E do outro, os alunos que não se enquadram nos padrões estabelecidos
pelo professor de um “aluno ideal”, então, evade da escola. Há uma crença,
segundo Leny Mrech (1999), “na existência de um aluno ideal, que respeita as
normas e consegue aprender. Os que afastam desse modelo são excluídos”. As
crianças chamadas “problemas” têm características baseadas em: fracas, lentas,
agitadas, apáticas, indisciplinadas, agressivas, desatentas. Carregam durante a vida
o sentimento de incapacidade de aprender e as culpa pelo próprio fracasso. As
singularidades devem ser respeitadas e as diferenças trabalhadas para a
mobilização social.”
“A análise aqui realizada pode contribuir para superação do preconceito de que
existe o aluno ideal para uma real compreensão do fenômeno diversidade cultural na
escola. Pois não há uma classe homogênea. Forneceu elementos para o entendimento das relações sociais, no universo escolar, onde existe uma pluralidade cultural, que se descobriu que precisa ser mais explorado para a formação do homem integral”.
Através destas leituras confirmo mais minhas concepções do quanto é importante a interdisciplinaridade e trabalhar as diferenças na escola .
Raquel Guterres

Nenhum comentário: